Encolhimento do Sol

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Imagem do Sol.

De alguns anos pra cá, defensores da hipótese de uma Terra jovem têm reunido listas de “evidencias cientificas” para o seu cenário de criação recente. Nesse ensaio avaliaremos criticamente a suficiência cientifica de alegações de evidências da “ciência criacionista”, de que o diâmetro do Sol vem diminuindo de tal maneira que abalaria a credibilidade da cronologia de bilhões de anos da história terrestre.

Dentro da comunidade cientifica profissional, um estudo preliminar que sugeria um rápido e constante encolhimento do diâmetro do Sol apresentou um enigma para os astrônomos da época. Consequentemente, estudos posteriores foram realizados e a credibilidade dos dados foi reavaliada. O resultado foi de que nenhum tipo de encolhimento secular foi evidenciado, mas um comportamento oscilatório de 80 em 80 anos foi descoberto. Já na comunidade “cientifica criacionista”, a resposta ao estudo original foi incrivelmente diferente. Os indícios de um rápido e constante encolhimento foram aceito sem criticas ou investigações, as evidencias e conclusões retiradas de estudos subseqüentes foram geralmente omitidas, e extrapolações do rápido encolhimento solar foram realizadas sem nenhuma restrição. Isolados da continua correção, investigação e avaliação profissional, a comunidade “cientifica criacionista” continua a empregar uma extrapolação não comprovada de um relatório desacreditado como evidencia cientifica para uma Terra jovem. A credibilidade das testemunhas cristãs para um conhecimento cientifico do mundo está assim comprometida.

Contents

Listas e cartas

Defensores da hipótese de uma Terra jovem freqüentemente publicam listas de “evidencias científicas” das quais, eles alegam, providenciam suporte observacional para seu cenário de uma criação
recente[1].Um típico item de uma dessas listas apresenta os resultados de investigações empíricas, normalmente retiradas da literatura científica profissional, e interpretam os dados de uma maneira a chegar a uma conclusão de que o Universo não pode ter bilhões de anos. E como se, as “evidências” pretendiam demonstra, a historia cósmica não poderia atravessar um período de tempo tão longo como é incorporado nos cenários evolucionários padrões, então, de acordo com os defensores de uma Terra jovem, o Universo necessita de uma criação recente em um estado maduro e de completo funcionamento, formado pela vontade divina.

Embora aqueles treinados em ciências naturais possam zombar de tais listas e as considerarem de pouco mérito científico, precisamos estar alertas do impacto persuasivo na comunidade cristã, e o efeito negativo nas testemunhas cristãs para um conhecimento científico do mundo. Cristãos que não são especialistas nas ciências relacionadas com o assunto podem ser facilmente enganados por alegação apresentadas como “evidencias científicas” de uma criação recente. Inúmeros cristãos inteligentes já foram persuadidos por essas listas que clamam que um cenário de uma recente criação é suportado por uma vasta gama de evidências empíricas. Porém, se a mensagem cristã de redenção se tornar associada a uma história cósmica que é contraditória com os resultados de honesta e competente investigação científica, as testemunhas cristãs podem ser seriamente enfraquecidas. Por isso, é imprescindível, uma avaliação cuidadosa da suficiência científica das evidencias de um Universo jovem, e que comuniquemos essa avaliação para as comunidades cristãs das quais somos membros.

Nesse ensaio nosso enfoque será em um típico exemplo do apelo para o suporte empírico da hipótese de um Universo jovem. Eu escolhi um exemplo da astronomia – o fenômeno da variação no diâmetro do Sol. Minha escolha não foi inteiramente arbitrária. Esse exemplo é o primeiro item de uma pequena lista que foi recentemente publicada como uma carta para o editor do The Banner, a publicação semanal da Christian Reformed Church (a denominação da qual eu sou membro). O autor dessa carta se apresenta como “um engenheiro da MIT e estudante da ciência criacionista, dado a razão em Gênesis 1 que gostaria de informar ao editor de recentes achados que apontam para uma terra muito
jovem” [2]. O primeiro desse “achados” é relacionado com o fenômeno do encolhimento do Sol:” Foi observado que o Sol está encolhendo a uma taxa de 1,52m por hora.” Nessa velocidade, o Sol teria sido tão grande a 20 milhões de anos atrás que teria tocado a Terra”.

Estudos indicando a possibilidade de um rápido encolhimento do Sol têm uma história interessante. O estudo inicial das evidencias de um rápido encolhimento pode ser encontrado na literatura científica profissional. Entretanto, como o resultado das discussões irá demonstrar, o estudo falhou em sobreviver à avaliação critica da comunidade científica. Investigações posteriores revelaram uma história das variações do diâmetro solar bem diferente do encolhimento constante de 1,52m por hora citado acima. A literatura astronômica profissional documenta essa avaliação corretiva com eficácia característica. Já na literatura dos defensores de uma Terra jovem, o estudo do encolhimento do Sol tem uma história completamente diferente. Enquanto a ciência profissional continuou na árdua caminhada da obtenção de informações, analise de dados, e avaliação teórica, a comunidade “científica criacionista” aceitou o estudo sem nenhuma avaliação critica e empregou extrapolações do encolhimento solar para argumentar contra a cronologia solar convencional de bilhões de anos. O que começou como um interessante enigma na arena da astronomia solar, transformou-se na “prova” da criação recente. A história do encolhimento do Sol se tornou uma das lendas que compõe o folclore nacional (internacional também)- a ciência do criacionismo recente.

A investigação de um enigma

Figura I.
Em junho de 1979, um estudo intitulado "Secular Decrease in the Solar Diameter, 1836-1953" (Decrescimento Secular do Diâmetro Solar, 1836-1953) foi apresentado no encontro do American Astronomical
Society [3]. Nesse estudo, John Eddy, um respeitado astrônomo solar, e seu colega Aram Boornazian apresentaram uma análise dos dados do transito meridiano solar do Royal Greenwich Observatory (Observatório Real Greenwich) que sugeria que durante o tempo especifico o diâmetro angular do sol vinha contraindo a uma taxa equivalente a um encolhimento linear de 1,52m por hora. A Figura I mostra como os dados de Greenwich encorajaram tal conclusão. Além disso, o caso do encolhimento solar através de um período extenso de tempo apareceu ser fortalecido por um apelo a um relato de um eclipse solar de 1567 que sugeriu que o eclipse foi anular ao invés de
total [4]. Se o Sol tivesse o mesmo tamanho que tem hoje, um eclipse total deveria ter sido observado. O estudo de Eddy e Boornazian gerou considerável interesse porque se apresentou como um enigma para a comunidade astronômica: se o Sol se comportou na maneira como o estudo sugere, então ele foi muito mais variável do que a evidência paleoclimatica e os modelos solares convencionais nos levaram a acreditar. Foi a combinação da extensa duração e da alta variação no diâmetro do Sol que era confuso. Mudanças rápidas de curta duração podem ser compreendidas em termos de fenômenos transitórios e oscilatórios. Mudanças relativamente pequenas, seja contração ou expansão, estendidas por um período de séculos ou até milênios podem também ser conseqüência de fenômenos temporários ou oscilatórios no comportamento do interior do
Sol [5]. Mas um encolhimento secular, ou seja, uma diminuição constante em tamanho através de um longo período de tempo, não seria compatível com os modelos contemporâneos do comportamento solar e inconsistente com a evidência geológica.

Anteriormente a descoberta do processo de fusão termonuclear, a gradual contração gravitacional (comumente chamada de “Contração Helmholtz”) parecia ser o melhor candidato para o processo de geração de energia nas estrelas, incluindo o Sol. Desde 1930, entretanto, astrofísicos concluíram que o processo de fusão termonuclear era responsável por manter a luminosidade estelar. De acordo com modelos estelares contemporâneos, as condições físicas que prevalecem no interior do núcleo de uma estrela fazem da fusão um processo inevitável. Como conseqüência trazida pela mudança feita pela fusão termonuclear, um crescimento secular no tamanho estelar é predito - muito devagar para ser observado com instrumentos da época, mas um crescimento secular apesar de tudo.

No contexto da predição, a proposta de Eddy e Boornazian de um rápido encolhimento secular no diâmetro solar foi especialmente intrigante. Até a taxa de encolhimento foi difícil de entender. Por causa do encolhimento de 1,52m por hora ser centenas de vezes maior do que a contração de Helmholtz poderia sustentar, Eddy propôs que só as camadas mais externas e de baixa densidade estariam envolvidas na contração. Desse modo, a taxa de conversão de energia gravitacional em calor poderia ser menor do que a luminosidade do Sol esperada. Porém, mesmo com essa interpretação, o estudo de Eddy e seu colega ainda era provocativo e estimulou uma maior interesse tanto nas taxas de variações, quanto na mudanças do diâmetro solar.

A taxa do encolhimento solar sugerida por Eddy e Boornazian foi contestada desde o início. No mesmo mês em que o estudo preliminar foi apresentado, S. Sofia, J. O´Keefe, J. R. Lesh e A. S. Endal publicaram um artigo na revista Science concluindo que, baseando-se nos dados disponíveis (em sua maioria observações do transito meridiano), o diâmetro angular do Sol não diminuiu menos que 0.5 segundos de
arco [6]. entre 1850 e 1937. Esse valor foi menos do que um quarto da taxa proposta por Eddy e seu colega.
Figura 2.
Além das medições do transito meridiano solar, outras observações podem ser empregadas para determinar o diâmetro do Sol. Em 1980, Irwin Shapiro publicou sua analise sobre o transito de Mercúrio em frente ao Sol de 1736 a
1973 [7]. Shapiro concluiu que nenhuma mudança significativa do Sol poderia foi detectada, e que a taxa máxima de encolhimento permitida pelos dados era de 0.3 segundos de arco por século, aproximadamente um sétimo do valor de Eddy e Boornazian. Figura 2 mostra como o transito de Mercúrio contradiz a proposta de Eddy e Boornazian. Similarmente, D. W. Dunham analisou dados de eclipses solares e concluiu que entre 1715 e 1979 o diâmetro do Sol diminuiu apenas 0.7 segundos de arco, equivalente a uma taxa de 0.25 segundos de arco por
século [8]. A discrepância entre os resultados acima e do estudo de Eddy e Boornazian levou a uma segunda averiguação dos dados do transito meridiano solar. John H. Parkinson, Leslie V. Morrison e F. Richard Stephenson realizaram tal avaliação e concluíram que as tendências nos dados de Greenwich relatados por Eddy e seu colega “são resultado de defeitos observacionais e instrumentais ao invés de mudanças
reais” [9]. Na opinião do time, baseados nos dados combinados do transito de Mercúrio e de eclipses solares, nenhuma mudança secular através de 250 anos foi detectada, mas uma mudança cíclica de periodicidade de 80 anos foi indicada. Em um extenso artigo publicado no Astrophysical journal, R.L. Gilliland confirmou a presença de uma variação com periodicidade de 76 anos no diâmetro solar, mas sugeriu que os dados permitiam um encolhimento pequeno e a longo prazo a uma taxa de 0.1 segundos de arco por século durante os últimos 265
anos [10]. Durante os últimos dois anos, estudos adicionais foram publicados e reforçavam as conclusões de que mudanças seculares no diâmetro solar não poderiam ser confirmadas pelos dados disponíveis, mas um grande número de fenômenos oscilatórios foi verificado. Parkinson, por exemplo, em um ensaio de 1983, afirma que as medidas do transito de Mercúrio e os eclipses solares “confirmam que não há nenhuma mudança secular no diâmetro solar, com um limite superior reduzido. Entretanto, existe grande suporte para uma variação cíclica de 80
anos” [11].E, de acordo com Sofia, “Mudanças radiais solares não são seculares
(uniformes).” [12]. Em 1984, Claus Frohlich e John Eddy relataram os resultados de recentes medidas do diâmetro
solar [13].Particularmente relevante para o debate é a discussão de que durante o período de 1967 a 1980, o Sol apresentou um crescimento de diâmetro equivalente à taxa linear de 2,44 m por hora. Desde 1980 o diâmetro solar permanece praticamente constante, com uma fraca sugestão de encolhimento. Esse comportamento é incrivelmente consistente com oscilação periódica de 76 anos encontrada por Parkinson e Gilliland, para qual um limite máximo é esperado no meio da década de 1980.

Onde foi então que Eddy e Boornazian erraram? Aparenta-se que os dados de Greenwich contem erros sistemáticos que limitam sua credibilidade. Como foi relatado por Parkinson (veja referencia 9), ouve mudanças significativas na metodologia e nos instrumentos empregados para obter os dados de Greenwich. Um número de descontinuidades nos dados pode ser correlacionado com essas mudanças. Tal fenômeno, aliado as variações significativas tanto da habilidade de observação quanto nas condições das mesmas, colocam varias limitações na confiança de alguns dos dados de Greenwich e na credibilidade da proposta de Eddy e Boornazian em relação ao encolhimento do Sol. Os dados sobre os quais Eddy e Boornazian basearam suas conclusões estão impregnados de falhas sutis.

Refleções sobre a abordagem profissional

O breve resumo dos últimos seis anos de investigação relacionados às variações do tamanho do Sol, foi concentrado em meios observacionais; nós não lidamos extensivamente com as teorias que englobam os processos físicos que poderiam gerar tais variações, além disso, nós estávamos preocupados com variações de crescimento longo ou secular, portanto escolhemos não discutir as inúmeras flutuações e processos oscilatórios. Entretanto, apesar dessas limitações, o que consideramos aqui apresentou um caso ilustrativo de como a ciência natural profissional é realizada. Vamos destacar algumas das características desse episodio.

A questão das variações do tamanho solar é interessante mais por sua relevância para outros fenômenos. O desenvolvimento temporal do raio solar é uma parte integrante de qualquer modelo teórico para o comportamento da estrela. Episódios de contração gravitacional, por exemplo, podem ser relevantes para solucionar o enigma do neutrino. E cientistas interessados pela história climática terrestre, estão preocupados em investigar as relações da variação do raio solar e a taxa com a qual a Terra recebe energia solar.

Eddy e Boornazian escolheram estudar o diâmetro solar, investigando os documentos históricos do transito meridiano solar. Seus resultados preliminares sugeriram uma contração rápida e a longo prazo. Apesar deles não acharam que seus resultados estavam prontos para publicação formal, Eddy e Boornazian decidiram apresentar esse enigma em uma breve conversa no encontro da American Astronomical Society. Dessa maneira a comunidade cientifica profissional poderia se juntar na avaliação critica dos dados e de suas interpretações.

A resposta da comunidade cientifica foi precisa, como se deveria esperar. Vários investigadores começaram a considerar outros fenômenos que poderiam dar alguma luz ao mistério. Dados de observações de eclipses solares e do transito de Mercúrio, por exemplo, foram empregados para gerar computações independentes da variação do diâmetro solar. A confiança nos dados do transito meridiano solar foram cuidadosamente examinados. E os resultados das varias investigações foram publicados para avaliações posteriores.

Nesse ponto o mistério já havia sido praticamente solucionado. A possibilidade de um encolhimento rápido e a longo prazo não é apoiada pelos dados. Na questão de uma contração secular a uma taxa baixa, os dados se apresentam inconclusivos. A precisão limitada dos dados e as durações limitadas dos documentos históricos impedem o emprego desses dados como a base de qualquer conjectura relacionada ao tamanho do Sol antes de aproximadamente 1700. Qualquer extrapolação dos dados do transito ou de eclipse solares além de 3 ou 4 séculos é inteiramente não comprovado. Evidências Geológicas das variações do clima terrestre, providenciam indicadores do diâmetro solar anteriores a 1700 muito mais confiáveis. Todas as variações no diâmetro solar que foram demonstradas pelos transito e pelos eclipses solares pode ser identificada como efeitos oscilatórios e transitórios. A oscilação de 80 anos confirmada pelos dados tinha sido antecipada na base de pistas fornecidas pelos ciclos das manchas solares. Embora a investigação discutida nesse ensaio não resolvesse o mistério dos neutrinos, nenhum dos dois (a investigação e ou neutrinos) lançou qualquer duvida sobre o fato de que é a fusão nuclear responsável por fornecer a energia solar. De fato, evidências paleoclimaticas, claramente desencorajam tal conjectura. E por causa da grande influencia da história solar na história terrestre, alegações relacionadas à história do comportamento solar nunca devem ser feitas isoladamente, sem considerar as evidencias físicas da historia terrestre.

A criação de uma lenda

O enigmático estudo que dizia haver evidências para um rápido encolhimento do Sol por vários séculos, foi rapidamente adaptado pela comunidade “cientifica” criacionista como “evidência cientifica” ou “prova”, de uma Terra jovem. Sem uma duração extensa para a história cósmica, o conceito de evolução cósmica (não biológica) pareceria ser insustentável. E, de acordo com os defensores da “ciência criacionista”, se a evolução não ocorreu por um período de bilhões e bilhões de anos, então a criação (restrito aos atos do inicio) deve ter ocorrido durante uma semana bem ocupada mais ou menos a 10.000 anos atrás. Neste momento, vamos explorar como o estudo do encolhimento do Sol foi empregado para funcionar como evidencia para a hipótese de uma Terra jovem.

O cenário básico foi construído por Russell Akridge. O Institute for Creation Research (Instituto de Pesquisa Criacionista) publica uma séria de sumários mensais, a nível popular com artigos “vitais” para a “ciência criacionista” como notícias de impacto. A edição de abril de 1980 intitulada “The Sun is Shrinking” (O Sol está encolhendo) foi escrita por Akridge, físico da Oral Roberts University (Universidade Oral Roberts). Dois elementos caracterizam sua abordagem: (1) uma aceitação inquestionável da taxa de encolhimento proposta por Eddy e Boornazian em 1979, e (2) uma desenfreada extrapolação de tal comportamento ao passado indefinido. Empregando tal abordagem, Akridge calcula que a 100.000 anos atrás, o Sol teria o dobro de seu tamanho atual, e a 20 milhões de anos atrás, teria sido tão grande quanto à órbita da terra, consequentemente, impedindo uma história cósmica de bilhões de anos e desacreditando todos os conceitos da evolução.

De acordo com Akridge, o fenômeno do encolhimento do Sol não só joga dúvidas sobre a cronologia padrão da história terrestre, mas também tem o potencial de destruir a credibilidade dos modelos convencionais para o comportamento estelar e no final das contas, desmantelar o próprio conceito de evolução estelar. Assumindo que a contração gravitacional foi amplamente demonstrada, Akridge conclui que a identificação da fusão nuclear como fonte de energia solar está seriamente ameaçada. Em suas palavras:

A descoberta de que o Sol está encolhendo pode vir a ser o declínio da aceitação da teoria da evolução estelar... Toda a descrição teórica do Universo pode estar em risco... As mudanças detectadas no Sol colocam em investigação a aceitação da fusão termonuclear como fonte de energia para o Sol. Isso, em troca, questiona toda a estrutura teórica com a qual a teoria evolucionaria da astrofísica (não biológica) é
construída [14].

Essas alegações são corajosas, afirmar o colapso eminente de uma grande parte dos paradigmas contemporâneos da astrofísica. Entretanto, a credibilidade de alegações cientifica, não são estabelecidas por sua coragem, mais sim por se adequar aos fenômenos físicos, de uma maneira frutífera, coerente e acurada. Vejamos como as alegações de Akridge se saem em relação aos testes de adequação cientifica.

Para poder suportar suas afirmações, Akridge precisa estabelecer pelo menos dois pontos: (1) que o encolhimento solar sobre um período de um século ou mais é demonstrado sem sombra de dúvida pelas evidências empíricas; (2) que uma contração no diâmetro do Sol, se observado por um período de alguns séculos, pode ser extrapolada indefinidamente ao passado. No primeiro ponto, Akridge já está em solo fraco. Vale lembrar que o estudo publicado em 1979 por Sofia coloca um limite muito inferior de qualquer possível encolhimento. Além disso, os resultados de pesquisas tratando sobre fenômenos relacionados, como os trânsitos de Mercúrio ou observações de eclipses solares, não haviam sido ainda publicados. Então, falar dos resultados de Eddy e Boornazian (publicados somente como um resumo) como se ele tivesse estabelecido convincentemente a ocorrência de um encolhimento a longo prazo do Sol, constitui uma falha em exercer uma apropriada restrição em empregar os resultados de uma única investigação. Embora possa não ter sido aparente para seus leitores leigos, a aceitação sem críticas de um único estudo aceitado com ceticismo pela comunidade profissional relevante, um estudo preliminar ainda não testado por comparação com outros estudos relevantes, representa uma falha séria em realizar com integridade a avaliação critica esperada por cientistas profissionais.

A segunda falha é consideravelmente mais obvia. A aceitação incondicional de Akridge dos resultados preliminares de Eddy e Boornazian como se tivessem firmemente estabelecido o encolhimento solar, e ainda extrapola esse comportamento ao passado remoto, indefinidamente. Assumindo, sem garantia suficiente, uma taxa constante de encolhimento, Akridge leva seu leitor a acreditar que, se o Sol existiu a 20 milhões de anos atrás, teria que necessariamente ser tão grande quanto à órbita da Terra. Ao realizar essa extensa extrapolação, Akridge escolheu ignorar a possibilidade de inúmeros fenômenos oscilatórios e transitórios com tempo característico de centenas e até milhares de anos. Como indicamos anteriormente nesse ensaio, qualquer extrapolação nas variações do diâmetro solar após alguns séculos seria totalmente insubstâncial, consequentemente representado um método cientifico inaceitável. Basear, como fez Akridge, uma alegação tão forte e substancial em extrapolações não comprovadas, apresenta uma série de erros em seguir os princípios fundamentais de uma investigação cientifica competente. E Akridge não só presume valida tal extrapolação, mas ainda argumenta que assumir um encolhimento constante sobre um período prolongado de tempo é uma suposição conservadora.

Apesar desse e de outros desfechos, o estudo do encolhimento do Sol, apresentado pela maneira estabelecida por Akridge, continua a ser empregado como “evidência cientifica” para uma Terra jovem. Em um artigo de 1982 na Christianity Today, Thomas Barnes, o reitor da Escola de Graduação do Institute for Creation Research, apresentou uma lista de seis “evidencias” para uma criação
recente [15].Barnes conclui sua lista com um apelo ao estudo sobre o encolhimento do Sol. Embora isso tenha sido escrito três anos após o estudo de Eddy e Boornazian, Barnes não da uma pista sequer de ter levado em conta as varias publicações profissionais que haviam lançado sérias duvidas na credibilidade do encolhimento secular do Sol. Ao invés disso, Barnes simplesmente repete a analise de Akridge. Em um livro que acompanhou a seria de filmes Origins (Origens), distribuída pela Films For Christ, nós também encontramos uma citação do encolhimento do Sol como evidencia para uma Terra
jovem. [16] O breve comentário segue a abordagem de Akridge bem de perto; até pega emprestado do Artigo de Impacto o diagrama que mostra a Terra deslizando na superfície de um sol inchado, presumivelmente de 20 milhões de anos atrás.

Tendo perdido contato com os resultados da constante investigação e avaliação da comunidade profissional cientifica, o emprego do encolhimento do Sol como “evidência” para uma criação recente deixou de ser autenticamente cientifica. Ao invés disso, ganhou o status de conto legendário, repetido exaustivamente para providenciar aos seus ouvintes com a confortante certeza de que o seu cenário para uma criação recente é suportado por evidencias empíricas.

Funcionando para providenciar aos defensores de uma Terra jovem um conforto para a sua visão particular da atividade criativa de Deus, listas de ”evidências cientificas” serviram como exemplos da folclórica ciência
criacionista. [17] Uma das maiores listas pode ser encontrada na edição de junho, julho e agosto de 1984 do Bible-Science Newsletter. Sobre o título de "The Scientific Case for Creation”, nós encontramos uma lista de 116 categorias preparadas pelo Dr. Walter T. Brown Jr., um engenheiro mecânico. O numero 85 dessa lista, é o fenômeno do encolhimento do Sol. A analise de Brown é essencialmente parecida com a de Akridge. Ele trata as contrações seculares como convincentemente estabelecidas e extrapola o comportamento indefinidamente, e concluí que “se o Sol existiu a 1 milhão de anos atrás, teria sido tão grande que aqueceria a terra de tal maneira que a vida não poderia ter
sobrevivido.” [18]

Henry Morris, presidente do Institute for Creation Research não faz melhor do que Akridge, Barnes ou Brown. Em seu tratado de 1984 intitulado The Biblical Basis for Modem Science (A Base Bíblica para Ciência de Modem), Morris apresente sua visão sobre as novas descobertas em uma vasta gama de ciências naturais. Em um breve comentário sobre geração de energia solar, Morris argumenta que o colapso gravitacional, e não fusão termonuclear é responsável pela luminosidade solar. O estudo sobre o encolhimento do Sol é usado para melhorar o argumento:

De fato, medidas cuidadosas em anos recentes vêm suportando a teoria do colapso, mostrando que o diâmetro do Sol, aparentemente está encolhendo. Essa reviravolta significaria que o Sol não poderia ter bilhões de anos de
idade! [19]

Essa afirmação, feita 5 anos depois do estudo preliminar de Eddy e Boornazian, não demonstra nenhuma tentativa de incorporar os números e relevantes investigações realizadas e documentadas durante aquele intervalo de 5 anos. Ao invés disso, Henry Morris, claramente a pessoa mais influente no movimento criacionista “cientifico”, propaga os mesmo erros conceituais sobre o comportamento do Sol, iniciados por o artigo de Impacto de Akridge em 1980.

O Encolhimento do Sol na Creation Society Quarterly

Até agora, a literatura “cientifica criacionista” citada foi de material a nível popular direcionada para uma audiência leiga. É possível que uma literatura mais técnica da comunidade criacionista faça um melhor trabalho em apresentar respeito pela competência e integridade necessária endossadas pela comunidade cientifica? Como uma regra geral, isso não se aplica, embora existam exceções.

Como representante de uma literatura que nós esperaríamos que demonstrasse um nível de maior competência metodológica e integridade profissional, a Creation Research Society Quarterly nos fornece vários ensaios em relação ao estudo sobre o encolhimento do Sol. Em uma série de artigos, publicados em junho e dezembro de 1980, Hilton Hinderliter apresenta sua analise sobre o
fenômeno[20][21].Embora esses artigos sejam anedóticos em estilo, muito diferentes da literatura profissional, assumiremos que eles tinham a intenção de serem lidos como autênticos exemplos da “ciência criacionista”, isso é, estudos analíticos informativos, escrito por cientistas treinados (Dr. Hinderliter é professor assistente de Física no Campus New Kensington da Pennsylvania State University). A competência cientifica da analise, difere muito pouco da literatura popular visto acima. Como Akridge, Hinderliter aceita sem criticas a rápida taxa de encolhimento alegados por Eddy e Boornazian; ele ainda frisa a confiança nos dados históricos usados por Eddy e da eficácia na analise dos dados. Entretanto, o julgamento expresso por Eddy e muitos
outros [22] que suspeitavam que as variações fossem na verdade fenômenos cíclicos foram sumariamente excluído, alegando-se de uma crença não comprovada no que Hinderliter chama de “O mito de bilhões de anos”. No ensaio, não encontramos nenhum traço de vários mecanismos que poderiam introduzir variações periódicas no tamanho do
Sol. [23] Ao invés disso, a sugestão de comportamentos periódicos foi rejeitada como mero produto de preconceito evolucionista (?). Similarmente, a aceitação de Hinderliter das conclusões retiradas da analise de um transito meridiano falha em reconhecer a relevância de dados retirados de outros fenômenos, como registros de eclipses solares, observações do transito de Mercúrio, e o registro paleoclimatico. Nenhum desses dados foi criticamente avaliado por Hinderliter, eles são simplesmente ignorados por não “merecerem ser considerados”. Em sua argumentação sobre a contração gravitacional ser a fonte de energia solar, Hinderliter alega que esse mecanismo foi rejeitado pela comunidade cientifica “somente por causa de uma suposta Terra de bilhões de anos de
idade” [24]; prosseguindo, ”a força que obriga a aceitação de vastas idades é meramente fé no evolucionismo, que não tem nenhuma evidencia que o
sustente”. [25] Em resumo, ele conclui que: “... evolucionismo demanda uma vasta idade para o Sol, o que causa a contração gravitacional ser excluída como a principal fonte de energia do
Sol” [26] Entretanto, uma cuidadosa revisão sobre a história, apresenta uma conclusão significativamente diferente. Pelo motivo de que tanto as evidencias geológicas quanto as radiometricas indicavam uma idade terrestre de bilhões de anos, o tempo de vida do colapso gravitacional (dezenas de milhões de anos) apresentava um enigma. Quando o processo de fusão termonuclear foi evidenciado, foi sem duvida recomendado como um candidato para a geração de energia solar. Mas a transformação de candidato para fenômeno oficial só poderia tomar lugar com o desenvolvimento de um modelo para o Sol, modelo que concordasse com todos os padrões de comportamento, os quais fariam à fusão um processo inevitável. Como de fato
aconteceu. [27] No entanto, ao assumir que os dados do transito meridiano haviam convincentemente estabelecido uma contração gravitacional secular do Sol, apelando para um fluxo mais baixo de neutrino do que esperado como evidência de apoio, Hinderliter conclui que o modelo de energia solar por fusão termonuclear foi verdadeiramente desacreditado. Em uma maneira muito similar a Russel Akridge, Hinderliter afirma que de sua analise do estudo do encolhimento do Sol, “é claro que testemunhamos uma grande derrota cientifica do
evolucionismo”. [28] Enquanto os ensaios de Hinderliter possam falhar em demonstrar um nível apropriado de avaliação critica dos modelos, dados, e do fenômeno em si, outro ensaio, "The Sun's Luminosity and Age", escrito por James Hanson, sofre de erros ainda maiores. Hanson favorece fortemente um Sol em encolhimento, como foi anunciado por Eddy e Boornazian. A primeira razão citada por Hanson para essa opinião foi o seguinte: “É antievolucionario e compatível com a visão criacionista de um recentemente criado, não evoluído,
Sol”.[29] Ele cita estudos de Shapiro, Sofia, e
outros, [30] mas falha em lidar com eles de uma forma substancial. Sua objeção contra a conclusão de Eddy e Boornazian são descartadas como o produto de preconceito contra a evolução.

Mais o componente mais desnorteante do ensaio de Hanson, é sua proposta de uma “teoria incandescente” para a luminosidade do Sol. Ele propõe que o Sol foi criado 6000 anos atrás com uma temperatura uniforme, e que vem resfriando uniformemente desde daquele tempo. Luminosidade solar, de acordo com o modelo de Hanson, é simplesmente derivado da energia térmica guardada no Sol recentemente criado. Após realizar alguns cálculos que tentam mostrar que o decréscimo na temperatura solar durante os últimos 6000 anos seria aceitavelmente pequeno, Hanson diz:

Note que por essa analise podemos inferir que se o Sol ou uma estrela fosse criada isotérmica, permaneceria praticamente desse jeito, o que, é também, diretamente contraditório com a evolução
astrofísica [31]'.

Dentro dessa afirmação que foi citada, encontramos pelo menos três sérios erros com a abordagem do modelo de Hanson. Primeiro, a idéia de que o sol pudesse, se criado isotérmico, permanecer isotérmico não pode ser inferido pelo modelo de Hanson; isso não passa de suposições não comprovadas pelas quais o modelo é construído. Segundo, Hanson não demonstra que um modelo isotérmico do Sol que concorde com todas as leis relevantes da física (em relação à gravidade, equilíbrio hidrostático, equação de estado, etc.) pode ser construído. De fato, a necessidade de tal demonstração não foi nem reconhecida. Terceiro e especialmente devastador, é que o modelo incandescente de Hanson com seu Sol isotérmico é contraditório não só com a “astrofísica evolucionaria”; ela também é contraditória em relação ao básico principio da termodinâmica, ensinado nos primeiros anos de cursos de física! Calor não passa de um meio ordinário para outro, a não ser que exista um gradiente de temperatura. O Sol isotérmico de Hanson demandaria infinita condutividade térmica (ou algum outro jeito de transferência sem restrições) para poder manter uma temperatura uniforme enquanto emanava energia de sua superfície. Modelos contemporâneos do interior solar, por outro lado, indica que a temperatura central de mais de 10.000.000 k é requerida para manter um fluxo adequado do núcleo para a superfície. A teoria incandescente proposta por Hanson é totalmente irreal.

Em outro lugar no ensaio, Hanson expressa certo gosto em reviver teorias do passado. Em suas conclusões ele associa seu modelo incandescente com astronomia pré-Copérnica.

A teoria incandescente seria provavelmente a explicação em tempos pré-Copérnicos. Esse é outro exemplo da superioridade da astronomia pré-Copérnica sobre as visões Copérnicas
evolucionarias [32].

Chega de falar. Deixe o leitor julgar os méritos de tal sentimento.

Um artigo de considerável alta qualidade, “Solar Neutrinos and a Young Sun”, por Paul Steidi, pode ser encontrado na edição de junho de 1980 do Quarterly. Comparado com os materiais escritos por Akridge, Hinderliter, ou Hanson, o ensaio de Steidi demonstra um conhecimento bem maior em astrofísica e uma respeitável percepção dos fenômenos e dados relevantes. O tópico principal nesse ensaio é o enigma do neutrino solar. Modelos solares contemporâneos, predizem que níveis e tipos de reação de fusão termonuclear ocorreriam no Sol, levando em conta que nosso entendimento dos processos e condições físicos relevantes são adequados. Durante os últimos anos, medidas foram feitas para determinar o nível que os neutrinos, um bioproduto de tais reações de fusão, estão sendo recebidos pela Terra. O enigmático resultado foi de que os níveis das medidas são somente um terço do nível esperado.

A solução de Steidi para o enigma foi propor que não ocorre nenhum tipo de fusão ocorre no sol e que a luminosidade solar deriva-se somente da contração gravitacional, portanto desacreditando qualquer cronologia de bilhões de anos para a história do sistema solar. Nas próprias palavras de Steidi: “Então a quase ausência de neutrinos solares sozinha é suficiente para indicar que o Sol é consideravelmente mais jovem do que se assume...O Sol é com certeza mais novo do que sua idade (uniformitarista)
aceita”. [33] Entretanto, em meu julgamento, Steidi prestou pouca atenção na vasta gama de considerações empíricas e teóricas das quais levou a comunidade cientifica profissional a fundamentada conclusão (não suposição) de que o sistema solar foi formado a aproximadamente a 4,6 bilhões de anos atrás. Eu suspeitei que fosse o comprometimento de Steidi com um cenário de criação recente ao invés de uma avaliação critica dos dados, que realizou o papel principal em leva-lo a tais conclusões. Ainda, Steidi acusa toda a comunidade cientifica profissional de inclinação (preconceito) para um Sol antigo e evoluído. “Ela (fusão) tornou-se o dogma aceito simplesmente porque é a único processo concebível que poderia prover energia por bilhões e bilhões de anos, idade que se acredita que eles tenham
existido.” [34] Steidi oferece um breve resumo do fenômeno do encolhimento do Sol como foi lançado por Eddy e Boornazian. Para Steidi esse estudo leva a confirmação de que não ocorre nenhuma fusão no Sol e que a luminosidade solar é gerada pela contração de Helmholtz. Independente do julgamento de Eddy e Boornazian de que o encolhimento Solar seria parte de um fenômeno cíclico, Steidi diz: “Claro que eles não permitiriam a possibilidade de que o fenômeno estivesse ocorrendo a mais de algumas centenas de anos, já que isso iria simplesmente destronar a evolução
estelar.” [35] Por suprimir argumentos baseados na coerência de numerosas considerações empíricas e teóricas, que levaram cientistas a sua conclusão em relação a um Sol antigo e energizado pela fusão termonuclear, alegando que esses conceitos são somente uma forme de preconceito evolucionista, Steidi se aproximou da abordagem seguida por Akridge, Hinderliter e Hanson. Mas nossos comentários sobre o trabalho de Steidi podem acabar de uma maneira bem mais positiva. Em uma breve carta publicada no Quarterly em Março de 1981, Steidi alerta seus leitores de duas mudanças
significativas. [36] Primeiro, a possibilidade de uma massa de repouso diferente de zero para os neutrinos, reduziria assim a expectativa do nível de neutrinos detectados por um fator de três, o que entraria em harmonia com os valores observados. Steidi ainda conclui: “De repente o Sol está queimando hidrogênio ao final das contas” (Nota: Nesse contexto, queimando hidrogênio significa a fusão termonuclear de hidrogênio em hélio). Segundo, Steidi chama a atenção para vários ensaios publicados que contestam a veracidade do encolhimento secular do Sol. Por avisar seus leitores a suspender seus julgamentos em suas argumentações anteriores, Steidi está apresentando o tipo de integridade profissional que é esperada dentro da comunidade cientifica.

Paul Steidi deve ser elogiado pela sua tentativa de alertar seus leitores para o fato de que a credibilidade dos estudos anteriores sobre a contração solar foram sumariamente diminuídos por investigações posteriores. Infelizmente, seus avisos passaram despercebidos. Muito tempo depois das cartas de Steidi aparecerem no Quarterly, e bem depois que diários profissionais publicaram extensivos estudos desacreditando a alegação inicial da contração secular do Sol, referencias a tal encolhimento como “evidência cientifica” para uma Terra jovem continuam a aparecer na literatura criacionista. O impacto do artigo de Akridge, apesar de seus erros, teve muito mais influencia do que a avaliação critica de Steidi.

Isso realmente importa?

Como nosso estudo do caso ilustrou, o que começou como um intrigante estudo dentro da comunidade cientifica profissional, foi transformado, pela “ciência criacionista” em “evidencia cientifica” numa tentativa de substanciar um cenário de criação recente. Nós vimos como o estudo do encolhimento do Sol, como foi (e é) propagado pela literatura criacionista, perdeu contato com a avaliação critica e continua investigações realizadas pela comunidade profissional de cientistas. E, havendo perdido essa ligação vital, o estudo do encolhimento solar se tornou “A lenda do encolhimento do Sol”- o veiculo de desinformação e de conclusões não comprovadas.

É uma pena que muitos leitores da literatura “cientifica criacionista” foram desinformados em relação à história do Sol. Ser desinformado, mesmo que por cristãos com boas intenções, é uma experiência lamentável.

Entretanto, de uma preocupação bem maior, é o impacto negativo que esses episódios de desinformação podem acarretar para as testemunhas cristãs para obter um conhecimento cientifico do mundo. O mundo para o qual dirigimos a palavra de cristo tem todo o direito de esperar que nosso conhecimento, incluindo os das ciências naturais, sejam caracterizados pelos padrões mais elevados de competência e integridade. Se nós publicamente falhemos em manter tais padrões, como esperamos que o mundo ganhe confiança na mensagem que nós proclamamos? Se nós disseminarmos desinformação em nome do conhecimento cristão, quem irá dar ouvidos a pregação do evangelho? Mais de 15 séculos atrás, São Agostinho expressava a mesma preocupação, no seu comentário em Gênesis:

Normalmente, até um pagão sabe alguma coisa sobre a Terra, os céus, e outros elementos desse mundo, sobre o movimento e as órbitas das estrelas e até seus tamanhos...e esse conhecimento ele preza por ser derivado da razão e da experiência. Agora, é uma coisa perigosa e vergonhosa para um infiel ouvir um cristão, presumidamente apoiado pela Sagrada Escritura, falando bobagens sobre esses tópicos; e nós deveríamos fazer de tudo para prevenir situações tão embaraçosas, em que se percebe a vasta ignorancia do cristão e se ri em desprezo... Se eles encontrarem um cristão errando em um campo no qual eles têm uma vasta experiência e escuta-lo mantendo sua opinião idiota sobre nossos livros, como eles irão acreditar em tais livros e assuntos relacionados à ressurreição dos mortos, a esperança de vida eterna, e o Reino dos
Céus...? [37]

Podemos estar menos preocupados que Agostinho?

Referências

  1. ^ See, for example, the following: a) Thomas C. Barnes, "Evidence Points to a Recent Creation," Christianity Today, October 8,1982, pp. 34-36. b)Henry M. Morris and Gary E. Parker, What Is Creation Science?, San Diego: Creation Life Publishers, 1982, pp. 254-257. c) Walter T. Brown, Jr., The Scientific Case for Creation: 116 Categories of Evidence, Bible Science Newsletter, June, July, August, 1984.
  2. ^ The Banner, January 28, 1985, p. 4.
  3. ^ J. A. Eddy and A. A. Boornazian, "Secular Decrease in the Solar Diameter, 1836-1953," Bull. Am. Astron. Soc. 11, 437 (1979). Note: This is only an abstract. The full text was never published.
  4. ^ G. B. Lubkin, "Analyses of Historical Data Suggest Sun Is Shrinking," Physics Today 32 (No. 9), 17 (1979). The reference to the 1567 solar eclipse does not appear in the abstract (ref. 3), but can be found in this news report regarding Eddy and Boomazian's presentation.
  5. ^ See the comments by Martin Schwarzschild reported in ref. 4. For an extensive review article which discusses these matters, see Gordon Newkirk, Jr., "Variations in Solar Luminosity," Annual Review of Astronomy and Astrophysics, Vol. 21, 198a, pp. 429-67.
  6. ^ S. Sofia, J. O'Keefe, J. B. Lesh, and A. S. Endal, "Solar Constant: Constraints on Possible Variations Derived from Solar Diameter Measurements," Science 204, 1306 (1979).
  7. ^ Irwin 1. Shapiro, "Is the Sun Shrinking?", Science 208,51 (1980).
  8. ^ D. W. Dunham, S. Sofia, A. D. Fiala, D. Herald, and P. M. Muller, "Observations of a Probable Change in the Solar Radius Between 1715 and 1979," Science 210, 1243 (1980).
  9. ^ J. H. Parkinson, L. V. Morrison, and F. R. Stephenson, "The Constancy of the Solar Diameter over the Past 250 Years," Nature 288, 548 (1980).
  10. ^ R. L. Gilliland, "Solar Radius Variations over the Past 264 Years," Astrophysics J.. 248, 1144 (1981).
  11. ^ J. H. Parkinson, "New Measurements of the Solar Diameter," Nature 304,518 (1983).
  12. ^ S. Sofia, D. W. Dunham, J. B. Dunham, and A. D. Fiala, "Solar Radius Change between 1925 and 1979, " Nature 304, 522 (1983).
  13. ^ C. Frohlich and J. A. Eddy, "Observed Relation between Solar Luminosity and Radius," (Paper presented at an international conference sponsored by the Committee on Space Research, July, 1984, in Graz, Austria).
  14. ^ Russell Akridge, "The Sun is Shrinking," Impact No. 82, Institute for Creation Research, April, 1980, pp. iii, iv.
  15. ^ See Thomas G. Barnes, "Evidence Points to a Recent Creation," Christianity Today, October 8, 1982, pp. 34--36.
  16. ^ See ORIGINS Film Series Handbook (Phoenix, AZ: Films for Christ Association, 1983), pp. 11-12.
  17. ^ We are using the term 'folk-science' in a manner similar to that of Jerome R. Ravetz in Scientific Knowledge and Its Social Problems (New York: 174.
  18. ^ Walter T. Brown, Jr., "The Scientific Case for Creation," Bible-Science Newsletter, July, 1984, p. 14.
  19. ^ Henry M. Morris, The Bibical Basis of Modem Science (Grand Rapids: Baker Book House, 1984), p. 164.
  20. ^ Hilton Hinderliter, "The Shrinking Sun: A Creationist's Prediction, Its Verification, and the Resulting Implications for Theories of Origins," Creation Research Society Quarterly 17,57 (1980).
  21. ^ Hilton Hinderliter, "The Inconsistent Sun: How Has It Been Behaving, and What Might It Do Next?" Creation Research Society Quarterly 17, 143 (1980).
  22. ^ See ref. 4.
  23. ^ See ref. 5.
  24. ^ Hinderliter, ref. 20, p. 57.
  25. ^ Hinderliter, ref. 20, p. 59.
  26. ^ Hinderliter, ref. 20, p. 59.
  27. ^ See Chapter IV, "Stellar Evolution and Nucleosynthesis," in A Source Book in Astronomy and Astrophysics, 19W-1975, edited by Kenneth R. Lang and Owen Gingerich (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1979). This collection of original papers and editorial commentary provides an excellent overview of this important episode in the history of astrophysics.
  28. ^ Hinderliter, ref. 20, p. 59.
  29. ^ James Hanson, "The Sun's Luminosity and Age," Creation Research Society Quarterly 18, 27 (1981).
  30. ^ See ref. 6, 7.
  31. ^ Hanson, p. 29.
  32. ^ Hanson, p. 29.
  33. ^ Paul M. Steidi, "Solar Neutrinos and a Young Sun," Creation Research Society Quarterly 17,63 (1980).
  34. ^ Steidl, p. 60.
  35. ^ Steidl, p. 64.
  36. ^ W. Paul M. Steidl, "Recent Developments About Solar Neutrinos" (Letter), Creation Research Society Quarterly 17, 233 (1981).
  37. ^ Augustine, The Literal Meaning of Genesis, translated and annotated by John Hammond Taylor, S. I., 2 vols. (Ancient Christian Writers, Nos. 41, 42), (New York: Newman Press, 1982), vol. 1, pp. 42-43.

Fonte

Traduzido do site: American Scientific Affiliation

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