Principais equívocos sobre evolução

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Devido a isso, grupos de alegações sobre a evolução são criados, um espantalho que as pessoas acham tratar-se da evolução. Alguns mais populares que outros, mas todos compartilham a falta de conhecimento e às vezes total deturpação de conceitos que abrangem não só a biologia, mas outras ciências.

Para explicações mais detalhadas veja os artigos específicos para cada assunto.

Contents

A evolução nunca foi observada

Biólogos definem evolução como a mudança no conjunto genes de uma população ao longo do tempo. Um exemplo é o de insetos desenvolvendo resistência a pesticidas através de um período de alguns anos. Até muitos criacionistas reconhecem que evolução a esse nível é um fato. O que eles não reconhecem é que essa taca de evolução é só o que é necessário para produzir a diversidade de todos os seres vivos de um ancestral em comum.

A origem de novas espécies por evolução também já foi observado, tanto no laboratório quanto na natureza. Veja por exemplo, Weinberg, J.R., V.R. Starczak, and D. Jorg, 1992, "Evidence for rapid speciation following a founder event in the laboratory." Evolution 46: 1214-1220. O artigo “Exemplos observados de especiação”, no Sapiens apresenta vários exemplos adicionais.

E mesmo sem essas observações diretas, seria um erro afirmar que a evolução não teria sido observada Evidências não se limitam a ver alguma coisa perante seus olhos. A Evolução faz predições sobre o que esperaríamos ver no registro fóssil, na anatomia comparada, nas seqüências genéticas, na distribuição geográfica das espécies, etc., e essas predições têm sido verificadas corretas muitas vezes. O número de observações que suportam a evolução é esmagador.

O que não tem sido observado (e nunca foi) é um animal abruptamente transformando-se em um outro radicalmente diferente, como um sapo transformando-se em uma vaca. Isso não é um problema para a evolução porque a evolução não propõe ocorrências nem remotamente parecidas com essa. Na verdade, se observássemos um sapo transformando-se em uma vaca, seria uma forte evidencia contra a evolução.

A evolução viola a segunda lei da termodinâmica

Afirmar isso mostra um maior desconhecimento em termodinâmica do que em evolução. A segunda lei da termodinâmica afirma que, “Não é possível um processo no qual o único resultado e a transferência de energia de um corpo frio para outro mais quente.” [Atkins 1984, The Second Law, pg.25] É um tanto difícil entender o que a segunda lei tem a ver com a evolução. A confusão mesmo surge quando a segunda lei é colocada de maneira equivalente: “A entropia de um sistema fechado não pode diminuir.” Entropia é uma indicação de energia que não pode mais ser utilizada e normalmente (mas não sempre!) corresponde a noções intuitivas de desordem e aleatoriedade. Criacionistas, entretanto, interpretam erroneamente a segunda lei para dizer que coisas em geral invariavelmente progridem da ordem para desordem.

Entretanto, criacionistas negligenciam o fato de que a vida não é um sistema fechado. O Sol providencia energia mais do que o suficiente para manter as coisas. Se um tomateiro pode ter mais energia utilizável do que a semente da qual ele cresceu, por que alguém esperaria que a próxima geração de tomateiros não pudesse ter mais energia utilizável? Criacionistas tentam contornar isso alegando que a informação carregada por seres vivos permite-os criar ordem. Porem, não só a vida é irrelevante para a segunda lei, mas como a ordem da desordem é algo comum em sistemas não-vivos, também. Flocos de neve, dunas de areia, tornados, estalactites, gradações de leitos fluviais, e raios são só alguns exemplos da ordem surgindo da desordem na natureza; nenhuma requerendo um programa inteligente para alcançar tal ordem. Em qualquer sistema não trivial com muita energia fluindo através dele, a grandes chances de encontrar ordem surgindo em algum lugar do sistema. Se o surgimento de ordem da desordem supostamente viola a segunda lei da termodinâmica, por que ocorre o tempo todo na natureza?

O argumento da termodinâmica contra a evolução mostra ignorância não só sobre evolução, mas também sobre termodinâmica, já que um claro entendimento de como a evolução funciona deveria revelar as grandes falhas no argumento. A Evolução afirma que organismos reproduzem-se só com algumas pequenas diferenças entre gerações (as proles são do mesmo tipo, pode-se dizer). Por exemplo, animais podem ter apêndices mais curtos, grossos ou finos, claros ou escuros do que seis pais. Ocasionalmente, uma mudança pode ser na ordem de ter quatro ou seis dedos ao invés de cinco. Uma vez que as diferenças aparecem, a Teoria da Evolução diz que poderá haver um diferencial no processo reprodutivo. Por exemplo, talvez os animais com apêndices mais longos sobrevivam para ter mais prole do que os de apêndices mais curtos. Todos esses processos podem ser observados hoje. Eles obviamente não violam nenhuma lei da física.

Não existem fósseis transicionais

Um fóssil transicional é um fóssil que parece ser de um organismo intermediário entre duas linhagens, significando que apresenta algumas características da linhagem A, algumas características da linhagem B, e provavelmente algumas características entre as duas. Fósseis transicionais podem ocorrer entre grupos de qualquer nível taxonômico, como entre espécies, entre ordens, etc. Idealmente, o fóssil transicional deveria ser encontrado entre os estratos da primeira ocorrência da linhagem ancestral e da primeira ocorrência da linhagem descendente, mas a evolução também prediz a ocorrência de alguns fósseis com morfologia transicional que ocorrem depois das duas linhagens. Não há nada na Teoria da Evolução que diz que uma forma intermediaria (ou qualquer organismo) pode ter somente uma linha de descendentes, o que a própria forma intermediaria tem que ser extinta quando uma linhagem de descendentes evolui.

Dizer que não existem fósseis transicionais é simplesmente falso. A paleontologia progrediu muito desde A Origem das Espécies ter sido publicado, descobrindo milhares de fósseis transicionais, tanto por definições restritivas temporalmente quanto por menos restritivas. Existem lacunas no registro fóssil, e sempre haverá; erosão e as raras condições favoráveis a fossilização tornam isso inevitável. Além disso, ocorre que transições podem ocorrer em pequenas populações, em uma área pequena, e (ou) em um tempo relativamente pequeno; quando qualquer uma dessas condições perdura, as chances de encontrar fósseis transicionais diminuem. Apesar disso, ainda existem muitos exemplos de excelentes seqüências de fósseis transicionais. Alguns exemplos notáveis são as transições de répteis para mamíferos, de animais de terra para baleias primitivas, e dos ancestrais humanos ao homem.

O verdadeiro equivoco sobre a suposta inexistência de fósseis transicionais é perpetuado em parte por uma maneira comum de pensar sobre categorias. Quando as pessoas pensam sobre categorias como “cachorro” ou “formiga”, eles normalmente acreditam subconscientemente que existe um limite uma fronteira bem delimitada sobre essa categoria, ou que existe algum tipo de forma de eterno ideal (para filósofos, a idéia platônica) que definia tal categoria. Esse tipo de pensamento é o que leva pessoas a declarar que o Archaeopteryx é “100 % ave,” quando é claramente uma mistura de características de pássaros e répteis (com mais características reptilianas do que avianas). Na verdade, categorias são feitas pelo homem e são artificiais. A natureza não se restringe a segui-las, e não as segue!

Alguns criacionistas alegão que a hipóteses do equilíbrio pontuado foi proposta (por Eldredge e Gould) para explicar as lacunas no registro fóssil. Na verdade, foi proposta para explicar a relativa raridade de formas transicionais, não sua total ausência, e para explicar porque especiações parecem ocorrer (relativamente) rapidamente em alguns casos, gradualmente em outros, e não ocorrer durante alguns períodos de algumas espécies.. De maneira nenhuma ela nega que seqüências transicionais existem. Na verdade, tanto Gould quanto Eldredge são oponentes acirrados do Criacionismo.

"Mas os paleontólogos descobriram ótimos exemplos de formas intermediárias e seqüenciais, mais que o suficiente para convencer qualquer cético imparcial da realidade da genealogia concreta da vida”.- Stephen Jay Gould, na Natural History, maio de 1994.

A Teoria da Evolução diz que a vida, e a evolução procedem, ao acaso.

Talvez não exista outro argumento que melhor indique que o critico desconhece conceitos básicos sobre evolução. Sorte, sem duvida tem uma grande participação na evolução, mas esse argumento ignora completamente o papel fundamental da seleção natural, e seleção é totalmente o oposto a aleatoriedade. Aleatoriedade, na forma de mutações, providencia a variação genética, que é o material bruto em que a seleção natural trabalha. A partir daí, a seleção natural separa certas variações. Aquelas variações que derem um maior sucesso reprodutivo aos seus portadores (e a aleatoriedade garante que tais mutações benéficas sejam inevitáveis) são retidas, e variações menos bem sucedidas são removidas. Quando o ambiente muda, ou quando organismos mudam para ambientes diferentes, diferentes variações são selecionadas, levando consequentemente a diferentes espécies. Mutações nocivas normalmente desaparecem rapidamente, e por isso não interferem no processo de acumulação de mutações benéficas.

Nem mesmo a abiogênese (a origem do primeiro ser vivo) ocorre totalmente ao acaso. Átomos e moléculas não arranjam-se totalmente ao acaso, mas de acordo com suas propriedades químicas. No caso particular de átomos de carbono, isso significa que a formação espontânea de moléculas complexas tem grandes chances de ocorrer, e essas moléculas complexas influenciam-se mutuamente na criação de moléculas ainda mais complexas. Uma vez que uma molécula auto replicante forma-se, seleção natural irá guiar a formação de replicadores cada vez mais eficientes. O primeiro objeto auto replicante não precisava ser tão complexo quando a célula moderna ou mesmo uma estrutura de DNA. Algumas moléculas auto replicantes não são realmente tão complexas assim (falando em relação a moléculas orgânicas).

Alguns ainda argumentam que é improvável que moléculas auto replicantes tenham sido formadas em alguns tempo ou ponto (apesar deles não declararem essas especificidades, elas estão implícitas nos cálculos). Isso é verdade, mas haviam oceanos de moléculas “trabalhando” no problema, e ninguém sabe quantas moléculas auto replicadoras poderiam ter sido a primeira. Um calculo sobre a probabilidade da abiogênese é infrutífera, a não ser que seja reconhecido a imensa quantidade de material do qual o primeiro replicador poderia ter sido originado as inúmeras prováveis formas diferentes que o primeiro replicador poderia ter tido, e o fato de muito da construção da molécula auto replicante ter sido não-aleatório para começar.

(Também se deve notar que a teoria da evolução não depende de como a vida começou. A verdade ou falsidade de qualquer teoria da abiogênese não afetará nem minimamente a evolução.).


Boa parte da razão pelos quais os argumentos criacionistas contra a Evolução parecem ser tão persuasivos ocorre pelo fato de que tais argumentos não lidarem com evolução, mas ao invés disso argumentam contra um amontoado de equívocos que pessoas estão certas em achar ridículo. Os criacionistas erroneamente acreditam que seu entendimento sobre evolução é o que a Teoria da Evolução realmente diz, e por isso querem bani-la. Na verdade, eles nem mesmo tocam em tópicos relacionados à evolução. Essa situação se agrava ainda mais quando somada a uma fraca educação cientifica, principalmente sobre evolução, fazendo até alunos de graduação em Biologia, não entenderem completamente o conceito.

Evolução é só uma teoria, e não foi provada.

Conclusão

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